Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), de 2012 a 2017, o número de cirurgias aumentou em 47%. De 72 mil procedimentos realizados em 2012, o Brasil fez 105,6 mil, em 2017, considerando os serviços públicos e privados. A cirurgia bariátrica tem sido indicada com alta frequência no tratamento da obesidade, principalmente por parecer uma alternativa atraente que oferece redução do peso de forma rápida e sustentável. Segundo a psicóloga Fernanda Gonçalves da Silva, em uma entrevista para SETOR DE ADMINISTRAÇÃO FEDERAL essa percepção inadequada de um procedimento rápido e indolor.
Não há regulamentações que especifiquem de forma mais detalhada o processo de avaliação, apontando constructos que devem ser avaliados ou determinando quais instrumentos devem ser utilizados. Na literatura também não há estudos que revelam sucesso de protocolos de avaliações.
O que as pesquisas atualmente mostram são pontos de atenção, ou seja, características que devemos avaliar nos pacientes, pois podem causar o adoecimento psíquico no pós cirúrgico. Dentre elas destacam se a percepção da cirurgia como procedimento estético, reflexo do alto índice de insatisfação corporal, e a ansiedade por estarem diretamente relacionadas à frustração; e o desenvolvimento de patologias após a cirurgia, dentre elas ansiedade, depressão, vigorexia, bigorexia ou transtornos dismórficos corporais.
A insatisfação corporal tem se revelado como um dos principais pontos de atenção na investigação. É sempre importante lembrar que a CB é um procedimento para promoção de saúde, mas frequentemente os relatos são da busca por um procedimento estético. Considerando que após a cirurgia a perda de peso abrupta resulta em flacidez excessiva, sendo necessário, em muitos casos, procedimentos cirúrgicos para o resultado idealizado, a imagem corporal pode gerar um sentimento de frustração e constrangimento. Os relatos revelam em grau maior, inclusive, naqueles vivenciados antes da cirurgia, e os resultados contribuem para o adoecimento psíquico, dentre eles, transtornos de ansiedade, depressão, automutilação, ideação suicida e tentativa de suicídio.
A avaliação psicológica para cirurgia bariátrica tem caráter compulsório. Por tratar-se de um procedimento invasivo, que resulta em grande impacto na vida da pessoa, da sua família, parceiros, e grupos aos quais pertence; é importante que a(o) paciente também receba acompanhamento psicológico pré e pós-cirúrgico.
Sendo a avaliação psicológica para CB um procedimento compulsório, é compreensível e esperado que, de forma consciente ou inconsciente, o candidato manipule suas respostas com objetivo de receber um parecer de aptidão. Logo, a utilização de testes projetivos e expressivos torna-se uma escolha oportuna, pois reduzem a manipulação por parte dos candidatos e, portanto, conferem maior confiabilidade aos resultados da avaliação.
Referência
Revista Dialogos. Maio de 2019. Disponivel em: <https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/05/Dialogos-Ed10_Encarte_Web_2.pdf>
Comments